— Está certo doutor.
— Do que se lembra Gertrudes, antes de aqui chegar?
— Lembro-me de estar numa cama no hospital e que todos os meus filhos, netos e noras estavam ao meu redor, despedindo-se, dizendo o quanto me amavam, que eu partisse em paz. Todos iriam ficar bem e que sempre se lembrariam de mim.
— O que pensa que houve após esta despedida, Gertrudes?
— Eu... morri, doutor?
— Morrer? Não, tu renasceste, a morte é apenas a passagem de retorno para nossa verdadeira casa. Não fique triste, pois a tua família te ama, procura agora cuidar do teu espírito, corrige agora as tuas falhas. Estude, trabalhe, o que não nos falta é trabalho e se a saudade chegar até ti, recorda-te dos bons momentos vividos ao lado dos teus entes queridos e volta ao trabalho. Feliz estou em recebê-la irmã Gertrudes, esta colônia existe com a finalidade de auxiliar a todos que se encontram perdidos sozinhos à espera da luz. Bem-vinda, este é Pedro, Pedro, esta é Gertrudes, peço que a apresente a colônia e a ajude no que for necessário.
— Doutor, parece-me que a compreensão chega até mim de forma leve, sempre temi a morte por desconhecer o que ocorreria depois, mas sinto-me viva, de uma maneira nunca sentida antes, parece-me que flutuo, perdoe-me sei que te dei trabalho, mas sou muito grata a ti por esclarecer-me de forma tão bela e leve. Prometo colocar-me a serviço do próximo, que Deus te abençoe doutor e obrigada a você também Pedro por ajudar-me.
— Não me agradeça, faço por que amo. Agora vamos, há muito a ser visto e esclarecido.
— Querida irmã, somos espíritos, somos irmãos, somos amados, siga o teu caminhar no teu tempo, estude como já te disse e trabalhe para pôr em prática tudo que adquiriu através do conhecimento. Estarei sempre aqui caso necessite. Agora vais, pois a muito a ser visto.
Despedindo-se de Gertrudes, Marcílio da sequência ao atendimento.
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