Um dia glorioso, Marcílio pensa. A vida é maravilhosa, especialmente quando utilizamos o nosso tempo para auxiliar os irmãos. Há tantos irmãos que, ainda equivocados, permanecem estagnados. Sem dar prosseguimento à vida, esperando que venham até eles soluções dos céus. Quanto engano, quanto Tempo Perdido, mas devemos permanecer sempre próximos a eles, intuindo-os, esperançosos de alcançarem o despertar.
- Perdoai-me, Marcílio. Há irmãos para serem atendidos. Desculpe interromper teus pensamentos.
- Não tem problema, Serafina pode pedir que entrem, por favor.
- Bom dia, doutor, me chama Aglay. E estou aqui para que me ajude com este homem, o nome dele é Alberto, e ele está insistindo em que devemos permanecer aqui, porém, quero voltar para casa, sinto falta dos meus filhos e de meus netos. Sei que estamos em um Belo hospital. Recebendo cuidados dos melhores médicos, sendo bem tratados, mas é chegada a hora de retorno.
- Bom dia, Aglay. Vejo que aprecia uma boa conversa, diferente de Alberto, cuja voz nem escutei.
- Bom dia, doutor.
- Tens uma bela voz, Alberto. Bom dia. Então me explique, por que não quer voltar?
- Bem, doutor, como disse a minha esposa, não quero voltar, pois sei que não existe esta possibilidade para nenhum de nós. Tenho plena consciência de que morremos num acidente de avião e que fomos socorridos inclusive pelo senhor. Lembro-me bem do teu rosto. Sou-lhe muito grato por esta oportunidade e estou realmente feliz por aqui me encontrar, pois sei que poderia ter ido para um outro ambiente não tão bom quanto este.
- Tudo isto é bobagem, Alberto, estamos vivos. Nós sobrevivemos ao acidente, sim, e sem dúvida voltaremos para nossa casa, para os braços dos nossos amados filhos. Doutor, desconsidere as palavras do meu marido, ele está desorientado, precisando de cuidados, nada tão sério que impeça a nossa liberação.
- Aglay a vida está neste momento, apresentar-te 2 opções, a primeira, permanecer ao lado de Alberto, aceitando a realidade do momento, ou a segunda afastar-se dele. Permitindo, se ficar presa a ilusões que a manterão estagnada e seguindo um distanciamento cada vez maior do teu companheiro de caminhada. Então me diga, qual das opções escolhe?
- Doutor, eu... Prefiro ficar com Alberto.
- Então está me dizer que aceita o fato de que não sobreviveu ao acidente?
- Sim, eu aceito. Muito embora gostaria de ter tido mais tempo. Sinto falta dos meus filhos e dos meus netos.
- Ore por eles, mantenha-os no teu pensamento. Está a ter uma grande oportunidade, minha irmã, muitos não a tem. Ou por ter cometido erros, ou por simplesmente preferir ficar presos às ilusões. Estudem, trabalhem, sirvam aos irmãos que, como você aqui, chegam e precisam de auxílio. Somos irmãos que precisam uns dos outros para alcançar o Progresso. Então desejo muitas felicidades para vocês. Que este caminho que estão a prosseguir juntos, os fortaleça cada vez mais. Sempre estarei aqui para ajudá-los.
- Obrigada, doutor. Quanta gentileza sempre que precisarmos iremos conversar com o senhor.
- Peço que ao saírem, procurem Serafina. Ela lhe auxiliará, vão em paz.
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