Após alguns momentos a refletir, Marcílio pede que Serafina encaminhe o próximo paciente, que adentra ao consultório de maneira estourada.
— Bom dia, doutor Marcílio. Me chamo João Gabriel e gostaria de registrar a total falta de preparo dos enfermeiros deste hospital, incapazes de dar uma resposta satisfatória a mim. Acaso acham que não tenham condições de arcar com as minhas despesas neste hospital? Digo-lhe é um absurdo doutor.
— Bom dia, João Gabriel. Vamos com calma. Qual foi a pergunta a qual casou tantas insatisfações?
— Bem, eu queria saber quando veria a minha esposa e filhas, e eles simplesmente disseram que não poderiam dar esclarecimentos agora, mas elas estavam bem, vi quando foram socorridas. Preciso saber como estão.
— Na realidade do momento, estão bem. Em primeiro lugar, deve manter a calma, pois acabará por se desgastar e agora precisa se fortalecer.
— Quando poderei vê-las?
— Quando estiver preparado.
— Mas estou preparado.
— Diga-me. O que se recorda sobre o acidente?
— Lembro-me que a turbina pegou fogo e todos começaram a gritar, a rezar. E o avião caiu. Depois acordei no momento do resgate.
— Havia muitos corpos?
— Sim, eu olhei com bastante atenção.
— E o que viu? Reconheceu alguém?
— Sim, muitos passageiros e algo me chamou a atenção. Vi uma senhora que estava nas poltronas opostas à nossa. Ela estava morta. O corpo destroçado, porém, eu vi doutor a colocarem na marca, parecia serem duas, entende? Fiquei assustado, pois não entendi e não diga que estou delirando. Pois não estava, mas ainda estou a me perguntar, o que foi que vi.
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