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O Resgate - Incompreensão I

Atualizado: 25 de jan. de 2023

Após alguns momentos a refletir, Marcílio pede que Serafina encaminhe o próximo paciente, que adentra ao consultório de maneira estourada.

— Bom dia, doutor Marcílio. Me chamo João Gabriel e gostaria de registrar a total falta de preparo dos enfermeiros deste hospital, incapazes de dar uma resposta satisfatória a mim. Acaso acham que não tenham condições de arcar com as minhas despesas neste hospital? Digo-lhe é um absurdo doutor.

— Bom dia, João Gabriel. Vamos com calma. Qual foi a pergunta a qual casou tantas insatisfações?

— Bem, eu queria saber quando veria a minha esposa e filhas, e eles simplesmente disseram que não poderiam dar esclarecimentos agora, mas elas estavam bem, vi quando foram socorridas. Preciso saber como estão.

— Na realidade do momento, estão bem. Em primeiro lugar, deve manter a calma, pois acabará por se desgastar e agora precisa se fortalecer.

— Quando poderei vê-las?

— Quando estiver preparado.

— Mas estou preparado.

— Diga-me. O que se recorda sobre o acidente?

— Lembro-me que a turbina pegou fogo e todos começaram a gritar, a rezar. E o avião caiu. Depois acordei no momento do resgate.

— Havia muitos corpos?

— Sim, eu olhei com bastante atenção.

— E o que viu? Reconheceu alguém?

— Sim, muitos passageiros e algo me chamou a atenção. Vi uma senhora que estava nas poltronas opostas à nossa. Ela estava morta. O corpo destroçado, porém, eu vi doutor a colocarem na marca, parecia serem duas, entende? Fiquei assustado, pois não entendi e não diga que estou delirando. Pois não estava, mas ainda estou a me perguntar, o que foi que vi.

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